ZÉ PEQUENO,
pseud.. JOSÉ RIBAMAR BOGÉA
Poeta-cronista usou vários pseudônimos na tentativa de estreitar melhor seus laços de amizade e identificação com o povo maranhense.
SUPLEMENTO CULTURAL & LITERARIO JP Guesa Errante ANUÁRIO. São Luís (MA), n. 5 – p. 1-129, 2007. Ex. bibl. Antonio Miranda
(Futebol na música Pescaria)
Teve Fla-Flu no Maraca
com vitória do Mengão
Pó de arroz entrou na taca
Dois a um, vibra o povão
Em Manaus, Sampaio Correa
Sem despachos de macumba
Faz 2 gols, mostra que é peia
Rio Negro na catacumba
[...]
Sampaio, líder isolado
Na segunda divisão
Belo feito alcançado
Pelo nosso tubarão
Muitos jogos na rodada
Sem vencido ou vencedor
Parece até marmelada
Ou arranjos de doutor
Três jogos na rodada
Taguatinga triunfou
Pôs o rival pra dançar
Sua galera vibrou
Dois a zero Maranhão
Jogando fora de casa
No returno, o Bodão
Trocou o chifre por asa.
(Na música Torna a Sorriento)
Quem mais zomba da pobreza
É a escola particular
Gasta muito em propaganda
Para seu lucro aumentar
Menosprezando o ensino
Que o governo oferece
À força da promoção,
A sua receita cresce
Liceu formou muita gente
E o Educando também
Com o estudo gratuito
Que não enforca ninguém
A nova mentalidade
Que no país se instalou
Deixou o pobre de tanga
Só a Máfia engordou
Governante, antigamente,
Dava assistência à pobreza
Não pensava só no lucro
Ou nos golpes de esperteza
Dava água a preço baixo
E energia em profusão
Mesmo gerando a força
Só com mangue e o carvão
Tomar dinheiro emprestado
Foi obra de certa grei
Que maltratou o povão
Com famigerada lei
Até hoje o papagaio
Que o país empinou
Causou aumentos de tudo
E a nação sacrificou
(Paródia feita a jato no boteco do
Nhozinhos, na João Pessoa, enquanto
tomava umas cervejas)
[...]
Paulo e Lauro discutiam
Hoje em plena madrugada
E Nhozinho na torcida
Pra aumentar a cervejada
[...]
( No Restaurante do Marão, adaptada
à música Meu vício é você)
Prefeitos vivaldos
Metendo a mão
No Fundo alegre
Da Participação
[...]
Um buraco negro
Na Constituição
Barnabé não pode
Grevar na Nação
Questões de ciúme
Hoje tão banais
Podem dar manchetes
Pra nossos jornais
[...]
(Paródia canta na música
Sole mio)
Ex-governantes
Deste Maranhão
Na CPI da
Corrupção
Jotapê mostra
Todo o movimento
Como ocorreu
O endividamento
Roubo vultoso
Na Ribamar
Faz um sujeito
Na ripa entrar
Empresário
Quase sem brio
Paga camisas
Com cheque frio
[...]
(Paródia na música A Deusa do Asfalto,
feita em maio de 1991. Exclusivamente
baseada na manchete principal do JP, que
completava 40 anos naquele 29 de maio.
A sátira tem por base o fato de a água,
em São Luís, no tempo de Mr. Clay ter
passado 40 anos sem sofrer aumentos)
Depois
Com a nova mentalidade
Que Zé Meu filho
Implantou
A coisa se completou
E o Batista
Que foi um hábil lacaio
Passou a empinar
Papagaio
E tudo se esborrachou
Hoje em dia
A Caema é poço fundo
Deve a deus ao diabo
E a todo mundo
No entanto
Na TV vive a berrar
E a água da pobreza
Quer cortar
E é é é é é é
É incrível
A herança de Sarney
Que nos deixa
Saudades de Mc Clay
Quando a água
Tinha um bom tratamento
E não causava
Ao povão padecimento
(Paródia feita no dia do lançamento
do cruzado, na música A volta do
Boêmio)
O Cruzado
Que está saindo da cova
Não é uma bossa-nova
Nem atende ao povão
Cruzado
No bom tempo era um quilo de arroz
Boa carne se comprava com dois
Em qualquer mercadinho ou galpão
Cruzado
Hoje desvalorizado
Nada vale no mercado
Onde habita o tubarão
Se o povo
Vai sentir amanhã ou depois
Com o cruzado hoje relançado
Só se compra cem gramas de arroz
É difícil
Congelar ordenado ao salário
E punir qualquer um salafrário
Que maltrata a bolsa do povão
O cruzado
Volta magro e espirradinho
Pois não dá chance ao operário
De tomar sequer um cafezinho
E o povo
Que vivia ligado a milhões
Hoje tem só decepções
De voltar para casa dos mil
Zé Sarney,
É difícil sair do atoleiro
Nem mudando o nome do dinheiro
Tu consegues salvar o Brasil
*
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Página publicada em abril de 2021
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